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O amigo escritor

  • Márcia Detoni
  • 2 de mar. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 4 de mar. de 2022


Esta semana almocei com Renato Modernell, escritor, jornalista, professor, ex-colega no Mackenzie. Um grande amigo. Contei a ele os detalhes da luta que travo, há um ano, contra uma doença autoimune. Atento, ele diz: “Isso dá um livro!” Saio do encontro com uma possibilidade na cabeça e uma dica: “Leia ‘Um Advinho me Contou’, de Tiziano Terzani”.


Modernell é amigo firme, sólido, daqueles com quem você conta na urgência. Quando vacilei numa aula de equitação no ano passado, recebi dele uma cópia da belíssima crônica “O papa-areia”. Confortou-me. Não seria eu a única a perder as rédeas de uma égua nervosa alguma vez na vida! Somos nascidos no Sul, região que tem no galope um mito fundador. Mas não é a “gauchice” que nos une, senão o gosto pelo mundo.


Aos 22 anos, Modernell se mandou de mochila para a Europa. Embarcou na última viagem de passageiros do outrora famoso transatlântico turístico “Cabo San Roque”. Morou em Roma, Londres, Barcelona e Figueira da Foz (Portugal). Começava ali uma preferência por narrativas de viagem, tema, inclusive, de seu doutorado. Escreveu 17 livros e ganhou dois prêmios Jabuti, nas quatro vezes em que foi finalista do certame, além de outros prêmios dentro e fora do país. Agora, meu querido amigo transforma sua obra em e-book. O mais recente em tela é “Sonata da Última Cidade”, disponível em todos os sites de venda, do Amazon.com.br ao Barnes&Noble (em dólar) e El Corte Inglés (em euro)!


“Sonata” narra os desafios dos imigrantes que transformaram São Paulo na maior metrópole do hemisfério sul. Vencedor do Jabuti em 1989, o livro foi qualificado pelo célebre crítico literário Wilson Martins como "o maior e melhor romance de São Paulo jamais escrito". Anseio por esse mergulho histórico e poético na cidade que me acolhe. Providencio rapidamente uma cópia em papel porque sou das antigas. Gosto das dedicatórias, frases miúdas de apreço. Modernell saca a caneta e escreve: “Querida amiga Márcia, desejo que transformação e libertação sejam, em breve, uma coisa só”. É o arremate de um bom papo-cabeça.


Observo aquele escritor tão generoso e sugiro: “Que tal um curso online de escrita criativa?” Ele resiste. Insisto: “Um curso inspirado, sem as amarras da academia”. Ele faz cara de quem diz “não sei... prefiro o mar”. Torço para que o mestre - já bem instalado num pé de areia qualquer e respirando os ares de quem tudo fez e tudo escreveu - sinta, em alguma das inúmeras caminhadas, uma ponta de saudades dos ex-alunos e leitores. Estamos à espera. Serei a primeira a abrir a câmera.


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